segunda-feira, 28 de junho de 2010

Sobre o Cabra Manoel


A edição que inaugura a publicação da Travessa em Três Tempos carrega o título Sobre o Cabra Manoel.

O exemplar narra a história, ou melhor, as possíveis histórias de Manoel Duda, sujeito que se engraçou com Dona Lindoalva - mulher do Xico Bento - e para sua infelicidade, por conta do ato de desenvergonhamento que cometeu, perde o membro que lhe confere o certificado de homem.

Essa primeira edição lançada no dia 02 de maio de 2010, contou com duas impressões, sendo que na primeira foram distribuídos 64 exemplares e na segunda foram mais 82.

A versão online da primeira edição - Travessa em Três Tempos - Sobre o Cabra Manoel - está disponível para download nas versões:

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Agradecimentos

A Travessa em Três Tempos é uma revista independente, isso significa dizer que não possuímos fundos de reserva próprios para impressão e, por conseguinte, publicação de nossa revista. Outro ponto a ser levantado é que este é um projeto de estudantes de História, e como já é bem recorrente no vocabulário popular: estudante é “tudo falido”; o que faz com que não disponhamos nossas pecúnias para tal projeto.

Nesse sentido, embasamos o setor financeiro, logo, publicitário de nossa revista na cota de xerox dos professores de nossa instituição. Os quais nos cederam de bom grado seu excedente de xerox ao findar do mês.

São esses professores que queremos agradecer, pela confiança, e pela gentileza de nos terem feito tal doação:

Prof. Edgar Garcia Júnior, Prof. Fábio Feltrin, Profa. Geysa, Prof. Luiz Felipe Falcão, Prof. Rafael Rosa Hagemeyer, Prof. Reinaldo Lohn, Profa. Sílvia Arend e Prof. Tito Sena.

Agradecemos também a paciência do Cica, para tirar as 770 cópias.

Nossa Travessa em Três Tempos


Aquela “rua de mão única” do andarilho de Benjamin dobrou a esquina e caiu na travessa Onde a possibilidade da experiência se alargou “no zúo de um minuto mito” pelo esbravejar de Riobaldo nos chapadões. Então a visão do andarilho clareou todas as palavras perdidas na rede do pescador. E toda linguagem, deu conta de nomear tudo, como Funes o memorioso não suportou e a narrativa tornou-se o único sentido da existência.

Sentido que se confunde no tempo e, por vezes, foge dele. Futuro, presente, pretérito; perfeito, imperfeito, mais-que-perfeito: verdade fora do tempo!

Insensatez perene, numa periodicidade recorrente de revistas, vistas e revistas, visitadas e revisitadas. Continuidade em um fluxo, como uma constante que perpassa conhecimento, que divide experiências que simbolicamente narra diferentes caminhos, diferentes travessas, outros planos, prismas, histórias em perspectivas.

Outros homens, mulheres, crianças; outras pessoas, animais, trecos; outros malandros escondidos, sujeitados a ter a cabeça nas nuvens e os pés no chão, como outros tantos, como a gente, como o clareamento na visão do andarilho, enrolando-se no fio da memória e na linha do tempo.

Três aprendizes, um bocado de palavras sem sentido, agregando outros aprendizes com diversos sentidos e outras palavras. O encontro se dá na travessa, regados à bebida amarela que traz memórias, micros, macros, estas, outras, aquelas, de antes, de agora, de depois; juntam-se, separam-se.

Assim vaga o andarilho à perder-se na travessa, aquela que mesmo fugindo do pensar esquemático da casa do andarilho se mantêm plena de pensar. Eis o mistério da “rua de mão única” desvendado pelo fluxo do narrar, visto da perspectiva dos olhos do flaneur, tão bem descrito por Baudelaire, visto de tantas outras perspectivas. Reside aí o mistério, do olhar, do pensar, do narrar. Abstrai-se da necessidade empírica do raciocinar, e se joga na via das palavras. Assim versões, diferenças, contrastes, se unem no propósito de desconstruir as teias da verdade única, da história única; tecidas à custa de séculos de visões unilaterais.

Nós aprendizes, rumamos até a travessa e lá despojamos nossos métodos, meticulosamente apreendidos. Livramo-nos desse peso, sem esquecer que somente aquilo que é caro pesa, para que possamos clarear o olhar, perceber novos olhares. Desfrutar dessa capacidade de idear do historiador, e se não do historiador, pelo menos do andarilho de Benjamim.

O que sois vós além de andarilhos vagando sem destino, até deparar-se com a travessa? Aquela entranhada na miscelânea de tempos: futuro, presente, pretérito. Aquela desvinculada da supremacia da verdade. Aquela repleta de pensar. Faço à vos um pedido, quando o mistério se apresentar: perceba-o.